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Archive for novembro \13\America/Sao_Paulo 2012

Dinah e Ulysses

O tempo se esvai na correnteza dos fatos cotidianos, ofuscando, injustamente, as lembranças de nossos antepassados. Nossas memórias se distanciam, nossas homenagens se ajustam ao calendário, nosso amor e carinho com os que se foram ficam restritos às esparsas orações que o pensamento embotado faz àqueles que justificaram a nossa presença neste mundo. Para reviver algum vestígio de nossos pais, compartilho dois símbolos muito expressivo de suas presenças em nossas vidas.

 Ulysses, mesmo em seus últimos instantes entre nós, jamais deixou de oferecer flores à nossa mãe Dinah, como ele costumava chamá-la. As rosas eram suas preferidas, tanto pela beleza estética de suas pétalas a se entrelaçar harmoniosamente, como pelo simbolismo da mandala evidenciado no leque perfeito de seu desabrochar. Nossa mãezinha teve o privilégio de receber, na noite da transição de Fernandino, como ela o chamava, um presente inesquecível: na porta do seu quarto, um bouquet de rosas vermelhas se formou, iluminando todo o quarto; aos poucos, essa visão, assim narrada por ela, explodiu em miríades de pontos de luz, qual estrelas em uma noite límpida, e se derramou sobre nossa mãe, demonstrando o imenso amor que a ela nosso pai manifestava.


  Ulysses era um homem sábio: humilde, discreto, atencioso e culto, tinha, pela Natureza, um imenso respeito e admiração. Fomos contaminados por esse gene do Bem, e para o resto de nossas vidas continuamos a respeitar e reverenciar as mais belas criaturas do Universo. Quero, por isso, homenageá-lo com esta bela paisagem (um micro-universo de mangue na 5ª praia de Morro de São Paulo), assemelhando-se a um Bonsai, árvore madura e sólida, embora pequena e sagrada, o símbolo que atribuo ao meu pai. Hoje é um dia comum, irrelevante para a eternidade do Cosmo; por isso escolhi este momento para reverenciar meus antepassados mais próximos, que me trouxeram à vida, cuidaram de mim com carinho, ensinaram-me suas sabedorias humanas e esotéricas, e me indicaram o caminho a percorrer. Espero deixar para minhas filhas a imagem de um pai dedicado, apaixonado e honesto aos meus princípios e ética social. Quem sabe, um dia, eu venha a merecer uma singela homenagem por meu amor a elas…

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