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Archive for janeiro \10\America/Sao_Paulo 2024

Reflexões sobre minha infância

Sobre o que escreveria, senão o meu passado, ao longo do qual transcorreram os eventos da história recente, os quais presenciei? Aos poucos, na sucessão dos fatos, nos apercebemos que nossos pensamentos são irrelevantes, e não há motivos para orgulho ou vaidades. Apenas sentimentos permanecem válidos, testemunhando o passar dos anos, as emoções sentidas, as relações
verdadeiras e as perdas que sofremos…

Ahhh… as perdas… aquele pequenino ser trazido a este mundo era pleno de sonhos e desejos capazes de revoluções, projetos, conquistas, realizações inimagináveis! Poderia transformar o mundo, vencer quaisquer obstáculos, captar inesgotáveis conhecimentos, escrever, construir, compor… percorrer
distâncias infinitas… mas não. As perdas se sucedem em nosso caminhar, inexoráveis… e a cada dia, em cada batalha, toda essa energia se esvai lentamente, imperceptivelmente… Ao longo do percurso desta vida nos alimentamos de pequenas vitórias, de ilusões que apenas nos impedem de esmorecer e desistir desta jornada. E assim, perseveramos, supondo-nos eternos, imortais, invencíveis… ledo engano.

A vida é efêmera, e o destino de todo ser humano é apenas um. Nada direi, porém dos meus percalços, daquelas batalhas perdidas, que a dor já foi bastante para sofrer e esquecer. Direi das alegrias, seduções do espírito e da energia sutil emanada do prazer, a que poderíamos chamar, simplesmente, alma, para confundir os crentes e iludir-nos a nós próprios.

Nasci no interior, em uma pequenina cidade – não direi nomes nesta história para não quebrar o encantamento deste enredo inusitado – mas logo me mudei,sem conhece-la. Nenhuma lembrança tenho dela para relatar a vocês, e fica aqui apenas o registro deste nascimento sem presença. Mas foi no interior que se moldou meu caráter e minha personalidade, entre pessoas simples e humildes, generosas por natureza e por destino, e sem a maldade dos tempos atuais.

Começava, então, a segunda metade do século XX, e o mundo se refazia dos horrores da guerra, que chegou ao Brasil apenas por capricho de circunstâncias que passo a relatar. Naquele tempo se encerrava a Era Vargas, de contradições e conquistas sociais. Por um lado, a personalidade indômita daquele gaúcho com botas de soldado e sonhos de general. Por outro, as heranças coloniais e os coronéis de fato, trazendo o vírus endêmico da corrupção, disseminado por todas as esferas do poder público e das oligarquias familiares, enriquecidas pelo vício das conquistas territoriais pelo trabalho escravo e pela exploração indiscriminada dos recursos naturais deste solo sagrado.

Não se sabe se Getúlio se matou de vergonha, por fingir que nada acontecia à sua volta, ou por desilusão, por perceber ter sido enganado por todos que o cercavam e alimentavam suas ilusões. Mas sua imagem permaneceu sagrada na alma dos brasileiros, como o caudilho populista que resgatou os
trabalhadores e lhes concedeu o status de cidadãos.

Da guerra também resultou a perseguição de imigrantes italianos, japoneses e alemães, trazidos ao Brasil em fins do século XIX, para substituir os escravos negros, que os indígenas já haviam sido massacrados por religiosos, madeireiros, soldados, fazendeiros, bandeirantes e toda sorte de aventureiros e
colonizadores, que lhes roubaram as terras, as mulheres, as riquezas, a cultura, as tradições e a dignidade humana, desde os primórdios da invasão portuguesa. Perdurando o terror por cinco séculos, até os dias atuais. Tais imigrantes, fugidos de sua terra natal em busca de trabalho e oportunidades, foram confundidos com os autores do terror da guerra e da coalizão do Eixo Roma – Berlim – Tóquio, contaminado pelo nazi fascismo.

Mas é do Brasil que falamos, daquele em que eu vivi. E lá, no sertão de nossa terra, presenciei a chegada da estrada de ferro que deveria escoar a produção de café, mas este já estava em decadência devido à Grande Depressão de 1929, e milhões de toneladas de grãos haviam sido queimadas nos barracões do
Instituto Brasileiro do Café, e fazendeiros se matavam pelo desespero da falência de seus negócios e a ameaça de viverem na miséria.

Na inocência de minha infância recém iniciada nada disso importava, e eu me divertia nos barrancos e construções da Companhia Paulista de Estrada de Ferro. Lá, onde eu morava, colonos japoneses ainda colhiam café, algodão e amendoim, certamente sem saber que seus patrões se suicidavam em
desespero. E eu e as crianças do meu tempo soltávamos pipas, jogávamos bolinhas de gude, arrastávamos nossos carrinhos de rolimã, brincávamos de esconde-esconde, girávamos os piões, jogávamos bilboquê e chafurdávamos na lama das enxurradas nas ruas sem calçamento, dando asas à nossa imaginação infantil, despreocupadamente.

A escola, bem como quase todos os prédios públicos, era de madeira sobre estacas, sob as quais as galinhas ciscavam e espalhavam piolhos pela criançada. Os banheiros eram casinhas de madeira com um buraco no meio, onde sentávamos para fazer as nossas necessidades. O pátio era amplo e de terra, onde brincávamos de pique no recreio, fazendo a maior algazarra sob os olhares ameaçadores dos bedéis. Minha mãe foi minha professora e me ensinou a ler, escrever, fazer contas e cuidar de meus materiais de estudo.

Meu pai era bancário e foi parar naquele fim de mundo como punição por denunciar as safadezas de um gerente apadrinhado por Ademar de Barros, que era interventor no governo de São Paulo. Pois é… já havia corrupção naquele tempo, e Ademar era conhecido pelo povo como aquele que “rouba, mas faz!”.
Hoje, talvez fosse canonizado pelo Papa pela “inocência de suas “façanhas” e pedaladas fiscais para acobertar os desvios de verbas públicas…

Foram anos inesquecíveis pelos amigos que tive, pelo meu cãozinho Teco, pelos folguedos infantis, pela liberdade de correr e despencar de bicicleta pelo aterro da estrada de ferro, por jogar bola de meia com a molecada. Mas foi também, e principalmente, pela vida simples do interior, sem tecnologias eletrônicas, sem luz elétrica, sem trânsito congestionado, quase sem notícias de violência, onde as pessoas se visitavam todos os dias, de surpresa, sem necessidade de avisar, e eram recebidas com um cafezinho feito na hora, bolos e quitutes, e se sentavam sem pressa, para “jogar conversa fora” e reforçar a amizade.

Naquela época, o Brasil era um país predominantemente agrário, rural, com cidades pequenas como a minha, e pouco mais de 50 milhões de habitantes. A população do mundo mal atingira os dois bilhões e meio de habitantes, um terço da atual. A televisão chegava ao país, em preto e branco, com aqueles tubos enormes e muito chuvisco na tela, funcionando poucas horas todas as noites, mas não na minha cidadezinha, pacata e serena. Lá, o que havia era o rádio, com programas de notícias locais, música caipira, novelas narradas por artistas e muita propaganda do comércio. O rádio também passava recados entre as pessoas que procuravam os locutores. E o futebol era narrado como uma metralhadora! Para ser locutor esportivo era preciso falar muito rápido!

O telefone era de magneto, acionado por uma manivela, com o fone pendurado por um fio trançado e separado do bocal, que era fixo. Do outro lado da linha tinha a telefonista: ao girar a manivela a moça atendia e perguntava com quem se queria falar. Nomes, não números! E ela conectava um pino em uma placa com furos. Cada par de pinos conectados era uma ligação em andamento.

As casas não tinham luz elétrica: tínhamos lampiões à querosene. Era um recipiente de vidro, que se alongava por uns 30 a 40 centímetros, com um furo na ponta. Na base ficava o querosene, separado do tubo por uma “camisinha” que tinha uma fita imersa no líquido. Ao acender a fagulha, a camisinha ficava
incandescente e havia um pequeno botão que, ao girar, aumentava ou diminuía a intensidade da chama. A luz do lampião de querosene era mágica, e iluminava as salas com uma coloração suave, que se perdia na escuridão…

Aos domingos, todos iam à missa, com suas melhores roupas, e o padre nos esperava na porta, cumprimentando cada família pelos seus nomes. A igreja sempre estava cheia de fiéis, e a missa era rezada em latim, com o padre de costas para o público. Parte da missa era cantada, também em latim, no formato dos cantos gregorianos. A plateia ouvia sem entender, repetindo parte das orações e admirando o saber dos padres. Não havia evangélicos.

Sempre estudei em escolas públicas. As escolas particulares eram para os estudantes que não conseguiam passar de ano, ou tinham sido expulsos por indisciplina. Os nomes das séries eram diferentes: o Grupo Escolar era responsável pelo curso primário, de quatro anos de duração. Depois vinha o Ginásio, com mais quatro anos. Entre os dois, para alunos com dificuldade, havia a 5a série. Em seguida havia o Colégio, que se dividia em Clássico (preparatório para as faculdades de Ciências Humanas) e Científico (Biológicas e Exatas). Os que escolhiam o magistério (professores) existia o Curso Normal, também de nível médio. Cada faculdade tinha seu próprio vestibular.

Sempre fui um bom aluno, graças à minha mãe professora, e a meu pai, que era um sábio, e sempre tinha respostas para todas as nossas indagações. Meu pai tinha muitos livros, várias coleções de romances, poesias, literatura clássica, Monteiro Lobato, Eça de Queiroz, Enciclopédias e livros comprados para nos
estimular a leitura, de acordo com nossa idade. Tinha, também, o gosto pela Arte e nos estimulou a música. Minhas irmãs estudaram piano durante mais de uma década, mas eu nunca consegui tocar nenhum instrumento. Falha minha…

Sim, fui um bom aluno e nunca repeti de ano. Naquela época não havia a tão questionada “progressão continuada”! Se o aluno não atingia a nota mínima era reprovado. Ninguém passava de ano sem mérito.
Nas salas de aula, cada uma com cerca de 40 alunos, o professor era respeitado e admirado! A indisciplina era punida severamente com a palmatória, uma vara que era usada para bater na mão dos maus alunos. O diretor de minha escola punia os piores alunos com um castigo cruel: colocava-os de pé, com os braços abertos, e ia colocando cadernos e livros sobre suas mãos até que eles não aguentassem mais. Cruel, desumano, mas não havia indisciplina nem desrespeito ao professor.

Devido às limitações dos meios de comunicação, o rádio era a figura presente em todos os lares, e permanecia ligado o tempo todo. Servia de despertador e de companhia para quem ficasse em casa. Mas havia também a figura do radioamador. Meu pai tinha um desses equipamentos, que ocupavam uma
pequena sala, conhecida como “shack”, e era composta de um receptor, um transmissor e um aparelho de sintonia, que variava a frequência das ondas eletromagnéticas, criando a possibilidade de vários grupos se comunicarem simultaneamente em diferentes frequências. Do lado de fora, atravessando todo o terreno da casa, uma antena era estendida entre dois postes, com uma distância de aproximadamente 40 metros, que era a extensão da onda.

Os radioamadores constituíam rodadas de conversas entre localidades distantes, e isso fazia desse hobby um serviço de utilidade pública, através do qual as pessoas falavam com seus parentes e amigos, sem depender da telefonia, precária e cara para a maioria das famílias. Todos os dias meu pai se conectava com a “Rodada da Amizade”, uma espécie de rede social daquela época. Eram dezenas de pessoas em todo o Brasil… A solidariedade era a marca registrada dessa sociedade dos anos 1950. Não se cobrava por tais serviços. Em minha cidade, já pelo fim da década de 50, foi instalado um enorme motor de navio, adaptado para produzir energia elétrica a partir da queima de óleo diesel. Esse motor funcionava por algumas horas, depois do entardecer, e passamos a tomar banho quente e ter luz elétrica na sala e nos quartos. Mas a geladeira continuava funcionando com um motor a querosene, o fogão era de lenha, o ferro de passar usava brasas incandescentes e o café era torrado e moído em casa. A água era retirada de um poço com um aparato que tinha uma roldana, uma corda e um balde, depois substituído por motor elétrico.

Nesse estilo de vida simples, os laços familiares eram mantidos pela autoridade dos pais e pelo permanente diálogo com os filhos. As refeições eram feitas sempre em casa e só se servia à mesa quando todos estavam sentados. Não se deixava comida no prato, o que era uma falta grave. As crianças iam para a cama às oito da noite e se levantavam bem cedo. O transporte de casa para a escola, assim como para qualquer lugar, ou era a pé, ou de bicicleta ou de charrete. Poucos e caros eram os carros de aluguel, os táxis de hoje, e só os ricos usavam.

Nossas festas eram comunitárias, entre os colegas de trabalho de meus pais, inclusive o Natal, Ano Novo, Aniversários, Páscoa e datas religiosas. Olhando para esse passado eu percebo o quanto a televisão, o celular, os notebooks e os tablets contribuíram para a dissolução das famílias e para a mudança de costumes sociais, as relações de amizade e de trabalho! Hoje, nossas amizades são virtuais e se desfazem com um simples gesto de bloquear aquele que era amigo e disse alguma coisa que interpretamos como ofensa, sem perguntar a verdadeira motivação do ex-amigo. Temos “amigos” no mundo inteiro, mesmo sem saber falar suas línguas, usando um tradutor instantâneo que traz uma mensagem corrompida e interpretamos erroneamente. Falamos banalidades, fazemos e desfazemos amizades, interrompemos as falas sem nos despedir, curtimos, compartilhamos, xingamos pessoas sem nada saber sobre elas. Assim é a nossa rede social, repleta de vícios e vaidades!

Minha cidadezinha ficava próxima do rio Paraná, fazendo divisa entre os estado de São Paulo e de Mato Grosso, que ainda não tinha sido dividido ao meio. Para lá íamos, eventualmente, aos fins de semana, e nos hospedávamos em um hotel de madeira sobre palafitas que, na época das chuvas, ficava ilhado sobre as águas do rio. Às suas margens a mata ciliar (de galeria) era densa e extensa, povoada de animais selvagens, como porcos do mato, veados, antas, cobras e onças pintadas. Não era raro ver pegadas de onças ao redor do hotel, mas a caça era tão abundante que elas não incomodavam os hóspedes. Algumas poucas vezes atravessamos o caudaloso e perigoso rio em uma balsa, sustentada por tambores vazios de óleo, e cheia de carga e de passageiros. Do outro lado do rio havia uma aldeia indígena ainda não contaminada pelos nossos defeitos e problemas. Viviam da pesca, da caça e da coleta de frutos, sementes e raízes, além de cultivar sua pequena roça de mandioca, como todos fazem ainda hoje em todo Brasil. E faziam artesanato para os raros turistas como nós.

Em 1958 houve a comemoração do cinquentenário da imigração japonesa. A colônia de imigrantes era grande em nossa cidade, e eles trouxeram artistas do Japão, com suas roupas típicas, seus instrumentos musicais primitivos e seus rituais sofisticados e incompreensíveis para nós. Música, teatro, competições
esportivas, dança… ali era um pedaço do Japão durante várias semanas. Fiquei tão impressionado com aquela beleza cênica, os trajes exóticos e as mulheres que isso influenciou a minha vida para sempre. Anos depois, estudei a língua, a literatura, a história e a cultura japonesa, e me casei com uma descendente de imigrantes. Até hoje tenho gratas lembranças desse tempo fantástico!

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Memorial de Ulysses

Tenho refletido com frequência sobre o papel de Ulysses em nossas vidas. Já se passaram mais de 18 anos desde que ele se foi para sempre, mas permanece vivo em cada um de nós, inspirando-nos a seguir seus passos e honrar seu nome. Ulysses não deixou nenhum livro sobre suas próprias crenças, seu pensamento e sua missão nesta vida. No entanto, seu pensamento reverbera em nossas mentes como se fosse uma lembrança de que não podemos esmorecer sem que aqueles que geramos tenham assimilado a filosofia que nos guiou até aqui…

Não falo de seu caráter incorruptível, nem de seus incontáveis exemplos de vida, mas de sua alma, sua essência cósmica, seu espírito imortal que nos conduz, silenciosamente, pelas veredas dessa terra tão descaracterizada, pobre de pensamentos, fútil e desinteressante. Falo desse ser de luz que nos ilumina a jornada, mesmo que não possamos enxergar o destino, muito à frente…

Por que não nos desviamos do caminho? Ou então, se nos perdemos, por que o reencontramos na penumbra dos sonhos, curiosamente estranhos e, ainda assim, motivadores, a ponto de reavaliarmos nossa missão e propósito inarredável? Até parece que, na escuridão de nossas almas, surgem as luzes dos faróis nas ocultas pedras de naufrágios, a impedir que a nau desgovernada dessa vida reencontre sua rota, ou derrota, no pronunciar dos marinheiros…

Sabemos não existir unanimidade neste “vale de lágrimas” das religiões dos humanos, nem Ulysses foi uma exceção a essa regra, mas nosso mestre teve o mérito de enfrentar aqueles poderosos que surgiram em seu caminho, mesmo às custas de muito sofrimento, de si e sua família, percorrendo lugares distantes nos esquecidos rincões paulistas do passado. E se fez tanto pelo seu temperamento e caráter, também nos ensinou a sermos felizes onde pouco havia senão pessoas simples e solidárias. A falta de recursos, como energia elétrica, não afetou a nós, ainda crianças, nem à nossa mãe querida, que nos ensinou as lições básicas de qualquer ser humano. Na escuridão das noites, brincávamos ao redor dos pais, apreciávamos as estrelas, ouvíamos estórias de nossos avós e nossos pais…

Assim a vida transcorria em paz, as amizades sinceras surgiam dessa convivência humilde, e a beleza incomparável da natureza se manifestava em nossos corações… foram esses anos que nos ensinaram algo que não existe mais: é na simplicidade da vida que reside a verdadeira amizade e o legítimo amor entre os seres humanos… foi lá, nessa pequena cidade, que cultivamos os valores que nortearam nossas vidas…

Setenta anos se passaram, e esse mundo já não é mais um paraíso inocente… a pureza das almas desapareceu, ou foi substituída pela vaidade, pelo orgulho, pela futilidade, pela inconsistência dos relacionamentos entre os seres humanos… a paz já não mais existe; as amizades puras também desapareceram; a generosidade desinteressada idem… o que restou foi a ganância, a ambição, o desprezo pelos mais fracos, o imediatismo dos atos e a impermanência dos valores humanos…

O que nos reserva o futuro de nossos descendentes? Por quais transformações haverão de passar para superar a devastação irreparável desse mundo onde vivemos? O que será feito das famílias humanas, se as múltiplas relações entre as pessoas se deterioram incessantemente? Por que ter filhos, se animais de estimação tomaram o lugar das crianças nessas instáveis relações? E as guerras de qualquer natureza, entre paises, entre religiões, entre ideologias, entre outros povos dispersos pelas diásporas de fragmentos populacionais foragidos dos preconceitos hostis?

Volto a invocar a memória de Ulysses, nosso mestre, nossa luz, nossas verdades, nosso destino quase impossível, para buscar alguma possibilidade de sobrevivência para nossos descendentes… se estamos no fim da caminhada e nossos exemplos já não permitem dar-lhes esperança, ao menos a trajetória dessas vidas que se extinguem poderiam lhes dar uma tênue esperança, um breve lampejo de orientação, um mínimo de desejo de resgatar aquilo que cultivamos durante toda nossa jornada neste mundo…

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